O número de mortes suspeitas por doenças transmitidas pelo Aedes aegypti segue aumentando em Pernambuco. Já são 233, sete a mais em uma semana. No mesmo período de 2015, eram 38 registros, 14 deles confirmados, todos para dengue. Neste ano, as confirmações já chegam a 22 para chikungunya e seis para dengue, totalizando 28. Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), com informações coletadas até o último sábado. O que está por trás dos casos vem sendo investigado, inclusive ocorrências que expõem mais uma preocupação: a de que a automedicação, sobretudo de substâncias contraindicadas, possa ter piorado o quadro e contribuído para os óbitos. Ainda não há comprovação disso, segundo a coordenadora do Programa de Controle de Arboviroses da SES, Claudenice Pontes, o que não deixa de ser um reforço para que pacientes com suspeita de dengue, zika ou chikungunya procurem orientação médica e não recorram a medicamentos por conta própria. “Quando avaliamos os óbitos, quer seja por dengue ou chikungunya, há muito relatos de automedicação, relatos de parentes desses pacientes”, diz, acrescentando que a presença de comorbidades é um fator de risco. “Pessoas que são diabéticas, hipertensas, que têm alguma doença de base, devem voltar imediatamente ao médico”, completa. Anti-inflamatórios, por exemplo, são contraindicados em casos de suspeita de dengue. Um perigo considerável, segundo especialistas, tem sido com a chikungunya, que, por conta das dores articulares, gera no paciente a busca por remédios para o alívio da dor. A “solução” pode acabar complicando o quadro. “O uso de certos medicamentos, como anti-inflamatórios, pode piorar a evolução da doença. Pode piorar a função do rim, induzir um sangramento digestivo e desencadear as for- mas mais graves”, diz a in- fectologista e professora do Departamento de Medicina Clínica da UFPE, Heloísa Ramos Lacerda. “Com a avaliação de um médico, busca-se alternativas para o tratamento, como analgésicos”, complementa.
Cresce número de descartes
Os casos descartados de microcefalia em Pernambuco já correspondem a quase dois terços do total de notificações feitas desde 1º de agosto de 2015, quando foi registrado um aumento anormal dos índices da malformação. De 1.982 crianças, 1.133 não têm o perímetro cefálico atípico. Até agora, 358 casos foram confirmados e 491 seguem em investigação. Já no Brasil, foram descartados 3.072 registros, nem a metade das 7.723 notificações. Outros 1.489 foram confirmados. Conforme a SES, os números do Estado revelam o cuidado em desencadear um processo de notificação que fosse mais sensível diante de uma situação nova. “Começamos notificando bebês que tinham o perímetro cefálico maior que os parâmetros. Isso fez com que nosso banco inchasse, mas foi uma posição de cautela, para podermos ir descartando de forma mais criteriosa”, diz o coordenador de Microcefalia da SES, Jadson Galindo. Na semana passada, o Ministério da Saúde garantiu que haveria atenção especial às crianças que tiveram a microcefalia descartada levando em conta a necessidade de investigar outros eventuais danos neurológicos que possam ser associados ao zika vírus. “A partir do momento em que esses bebês retornam para seus municípios com o laudo do descarte, a orientação é para que as consultas prossigam. A avaliação tem que ser criteriosa, no mínimo, nos cinco primeiros anos da criança, para que possamos saber se não tiveram nenhuma alteração neurológica”, completa Galindo.
Fonte: Folha de Pernambuco