Pernambuco acaba de implantar três unidades sentinelas para notificar oficialmente os casos de síndromes neurológicas que podem estar associados a infecção por dengue, chicungunha e zika. Além do Hospital da Restauração, referência no acompanhamento de pacientes que apresentam essa condição, o Hospital Correia Picanço e o Hospital Mestre Vitalino (Caruaru) passam a alimentar um sistema de notificação para monitoramento de manifestações neurológicas após o adoecimento por alguma arbovirose. “Vamos garantir coleta de material do paciente para averiguar se a síndrome neurológica está relacionada a dengue, chicungunha ou zika”, diz a a coordenadora do Programa de Controle de Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Claudenice Pontes.
Entre as manifestações neurológicas que já estão relacionadas a arboviroses, estão a síndrome de Guillain-Barré (condição neurológica rara e autoimune que provoca quadro progressivo de paralisia em membros do corpo e fraqueza muscular), a encefalite (inflamação que atinge o cérebro) e a mielite (inflamação na medula).
“Para escolher as três unidades sentinelas, fizemos um levantamento de onde existem pacientes internados com complicações neurológicas e, dessa maneira, ser mais fácil fazer um monitoramento. Como as notificações de arboviroses têm diminuído nas últimas semanas, vamos fazer agora uma busca retroativa de todos os casos registrados desde janeiro nesses serviços e tentar resgatar coleta de sangue algum paciente. Esse levantamento requer tempo.”
HISTÓRICO
O Estado começou a investigar a relação entre quadros neurológicos e arboviroses há cerca de um ano. Inicialmente foram analisados 64 casos de Guillain-Barré registrados ao longo do primeiro semestre de 2015. São casos que passaram por internamento, em unidades públicas de saúde, por Guillain-Barré, segundo o Sistema de Informação Hospitalar.
Em novembro, a médica Maria Lúcia Brito Ferreira, chefe do Serviço de Neurologia do HR, anunciou estudo que confirmou a presença do zika em pacientes com manifestações neurológicas. Foi a primeira investigação, em nível mundial, com forte evidência científica reforçando a hipótese de que o zika está ligado ao desenvolvimento de síndromes neurológicas em pessoas que apresentaram sinais de infecção viral prévia, como manchas vermelhas na pele, febre, cefaleia e dor articular. Dos seis pacientes com o vírus, quatro desenvolveram Guillain-Barré.
Fonte: Jornal do Commercio