O Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) retoma a exportação do medicamento usado para tratamento da doença de Chagas, a partir de julho. A volta tem como objetivo atender os Estados Unidos, o México e os países da América do Sul, considerados endêmicos. A expectativa é que R$ 1,5 milhão seja aportado somente nos próximos seis meses com a comercialização de 1,2 milhão de comprimidos para os mercados interno e externo. Em 2017, a perspectiva é que a demanda mundial seja de 2,5 milhões de comprimidos. A demanda do Brasil para combater a doença é de 500 mil comprimidos por ano. Segundo o diretor comercial do Lafepe, Djalma Dantas, a comercialização do Benznidazol acontece dois anos depois que as entidades internacionais passaram a exigir a Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF), concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável por assegurar que a produção do medicamento é segura. As vendas aconteciam via Organização Pan-Americana de Saúde e Médico Sem Fronteiras. “Produzimos o primeiro lote e vamos iniciar provocações de venda para os potenciais mercados. Como o preço é três vezes inferior ao preço do produto fabricado em laboratórios privados, como nos da Argentina, é possível que a gente arremate os mercados novamente”, explicou Dantas, destacando que, em paralelo, o Lafepe faz estudos para prospectar possíveis países com interesse em importar medicamentos de combate à AIDS. “No entanto, isso ainda está no âmbito dos estudos e não tem data para acontecer”. O laboratório já disponibiliza esse tipo de medicação para o Ministério da Saúde, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Transmitida pelo protozoário Trypanosoma cruzi por meio do barbeiro, a doença é pouco ‘explorada’ pela indústria de medicamento, sendo o Lafepe o único laboratório público do mundo a oferecer os comprimidos com custo-benefício acessível. O professor de cardiologia e coordenador do ambulatório de doenças de Chagas do Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape), Wilson de Oliveira Júnior, explica o porquê. “Os laboratórios privados não têm interesse em desenvolver porque não dá lucro, pois a doença de Chagas é gerada pela pobreza”, frisou. A incidência da doença está relacionada às condições habitacionais, sobretudo em casas feitas de pau-a-pique e sapê. As recomendações para evitar a transmissão é o uso sistemático de inseticidas e a utilização de telas nas portas e janelas dos ambientes rurais. No entanto, para os que estão com a doença, o Benznidazol tem efeito satisfatório na fase aguda. “Depois disso fica mais difícil e o paciente pode ter sequelas gastrointestinais”, alertou o diretor comercial do Lafepe, Djalma Dantas. No Brasil, existem cerca de três milhões de pessoas contaminadas.
Fonte: Folha de Pernambuco