Apesar da redução dos casos de zika, os cuidados que devem ser tomados pela população continuam a ser uma preocupação para as autoridades de saúde. Baixar a guarda ao primeiro sinal de abrandamento da incidência de qualquer uma das arboviroses transmitidas pelo Aedes aegypti pode ser precipitado. O histórico dos surtos de dengue mostra que toda cautela é pouca diante das ameaças representadas pelo mosquito, que também transmite a chicungunha. Para se ter uma ideia do seu poder de ataque, vale destacar que um único mosquito é capaz de contaminar 300 pessoas em 45 dias. E o ovo do Aedes sobrevive por mais de um ano, mesmo em ambiente seco.
Por esses e outros motivos, o Programa de Controle de Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES) pretende ampliar as ações de prevenção, através de estratégias que busquem a melhoria do saneamento e do descarte de resíduos. A intenção é diversificar as frentes de combate e conscientizar a população para os perigos que não se limitam aos depósitos de água onde o mosquito se prolifera. O descarte adequado de pneus, por exemplo, que servem de criadouros por acumular água facilmente, é um dos cuidados que precisam ser disseminados.
A proposta do governo de Pernambuco é que os municípios atuem inicialmente em parceria com uma entidade que recolhe e dá destinos a pneus sem uso. Para a SES, os municípios devem se organizar para estruturar consórcios com o objetivo de gerir os resíduos sólidos, entre os quais, os pneus velhos. No Seminário Estadual de Vigilância e Resposta às Arboviroses e suas Complicações, foi reforçada a necessidade de integração entre os órgãos estaduais, bem como de articulação entre diversas secretarias. O que é digno de nota é como tal necessidade, não apenas em relação às arboviroses, mas a outros aspectos da saúde, perdura como um desafio difícil para a administração pública no Brasil. O reconhecimento é geral, mas a concretização de estratégias articuladas e integradas é quase sempre complicada, presa numa rede de morosidade burocrática enquanto os problemas avançam velozmente.
A divulgação, pelo Ministério da Saúde, da diminuição da incidência de zika no País, não deve ser vista como uma trégua do Aedes e suas doenças. Entre fevereiro e maio, a queda foi de 87%, em média, em todo o território nacional, e de 78% nas notificações no Estado, de acordo com a SES. Os epidemiologistas acreditam que a doença pode voltar a crescer entre os meses de outubro e novembro, e as causas para a redução verificada ainda estão sendo estudadas.
O risco de contágio pela dengue, chicungunha ou zika em Pernambuco é considerado alto em 88 cidades – quase a metade do Estado – onde as populações devem permanecer em alerta, e o poder municipal, desenvolver ações constantes de prevenção. Em especial, naquelas em que o abastecimento de água encontra-se em colapso, e o armazenamento para uso doméstico é uma prática usual que abre a oportunidade para os males do Aedes.
Fonte: Jornal do Commercio