Ofensiva para recolher pneus e eliminar focos

O gerenciamento de resíduos sólidos, especialmente de materiais recicláveis como pneus velhos, ganha uma atenção especial dentro do plano de ações para o combate ao Aedes aegypti em Pernambuco. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) tem se mobilizado para sensibilizar os municípios a fazer o descarte correto de pneus sem uso, que têm alto potencial para se transformarem em criadouro de mosquitos e elevarem o risco de transmissão de dengue, chicungunha e zika. Um único mosquito, por exemplo, pode contaminar até 300 pessoas em 45 dias. Além disso, o ovo do Aedes pode sobreviver até 450 dias, mesmo se o pneu (ou qualquer outro local) onde foi depositado estiver seco.

“Não podemos concentrar atividades de combate ao mosquito só nos depósitos de água. É preciso ampliar as ações a partir de um trabalho de saneamento e de descarte correto de resíduos”, informou ontem a coordenadora do Programa de Controle de Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Claudenice Pontes, durante o Seminário Estadual de Vigilância e Resposta às Arboviroses e suas Complicações.

A proposta da SES é que cada município crie um consórcio para gestão dos resíduos sólidos, principalmente de pneus velhos, cujo descarte irregular pode prejudicar o meio ambiente e colocar em risco a saúde pública. “Estamos articulando parcerias com algumas cooperativas que fazem o trabalho de recolhimento dos resíduos. A intenção é estruturar ecopontos para divulgar entre os municípios”, acrescenta Claudenice Pontes.

A ideia é iniciar esse trabalho em parceria com a Reciclanip – entidade que coleta e destina pneus sem uso. “Para isso, a Reciclanip precisa de local onde se guardem os materiais para serem recolhidos. E isso não tem custo para o município. É necessário organizarmos os consórcios e estimularmos os municípios para essa prática.”

Além dos pneus, merecem ser inspecionadas para o combate ao Aedes aegypti: calhas, áreas de descarte de sacos de lixo, casas de máquinas de elevador, lajes, piscinas e sucatas abandonas.

Durante o seminário, a SES também reforçou a importância de os órgãos estaduais trabalharem em conjunto para reforçar a eliminação dos criadouros do Aedes e o risco de transmissão das arboviroses. “Esse plano não vai ser mais só da Saúde, vamos ter que envolver diversas secretarias. É um trabalho que já vem sendo amadurecido na Sala Nacional de Coordenação e Controle do Aedes Aegypti, através de reuniões semanais com os Estados. Nesses encontros, envolvemos outras secretarias e órgãos, como a Compesa e Secretaria de Meio Ambiente”, esclarece Claudenice Pontes.

ABASTECIMENTO

Através da Compesa, por exemplo, a SES é informada sobre os municípios que estão em colapso ou em situação crítica de abastecimento. “Sabemos que algumas cidades estão recebendo reforço através de carros-pipa e que podem entrar em colapso até 2017”, frisa. Segundo a Compesa, 10 cidades estão completamente sem abastecimento de água: Águas Belas, Alagoinha, Jataúba, Jucati, Jupi, Pedra, Poção, Santa Cruz da Baixa Verde, Taquaritinga do Norte e Venturosa. Outros 40 municípios sofrem com o abastecimento comprometido por causa da estiagem. Boa parte dessas cidades desponta no mapa de situação de risco de surto e de alerta de doenças causadas pelo mosquito. Atualmente em Pernambuco, há alto risco de adoecimento por dengue, chicungunha e zika em 88 municípios, médio risco em 52 e baixo em 45 (24,32%).

“Nas áreas onde há colapso de abastecimento, as pessoas precisam armazenar água. E em muitos casos, isso não é feito em caixas-d’água. São usados depósitos pequenos, especialmente nas regiões mais carentes. A partir do momento em que a Compesa encaminha para a secretaria a lista desses municípios, passamos a antecipar ações de combate ao mosquito”, ressalta Claudenice Pontes.

Fonte: Jornal do Commercio

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