Provavelmente você já deve ter ouvido falar do provérbio “Rir é o melhor remédio”. O ditado popular sintetiza o trabalho pioneiro da ONG Doutores da Alegria, que, há 25 anos, distribui sorrisos entre crianças internadas nas alas pediátricas de hospitais das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Vestidos como palhaços, os “médicos do riso” fazem com que crianças diagnosticadas com doenças graves, como o câncer, esqueçam, por um momento, a dura realidade do tratamento. Ontem, ao som de muito forró, os Doutores da Alegria comandaram um arraial para as crianças do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central do Recife.
Na capital pernambucana, o trabalho é realizado há 13 anos. “Nós atuamos em quatro hospitais: Barão de Lucena, Restauração Oswaldo Cruz/Procape e Imip. Duas vezes por semana, durante o ano inteiro, uma dupla de palhaços besteirologistas visitam essas unidades hospitalares”, explica o ator e palhaço Arilson Lopes, coordenador artístico da unidade dos Doutores da Alegria no Recife. Além dele, 11 palhaços trabalham na capital.
Ao contrário do que muitos pensam, o grupo não é formado por voluntários ou médicos. São atores e atrizes profissionais que passam por uma seleção para integrar o elenco dos Doutores da Alegria. A ONG sobrevive de doações de empresas e pessoas físicas, além de pleitear recursos por meio de leis de incentivo fiscal.
Os artistas se aperfeiçoam na linguagem do palhaço, exercitando os princípios do jogo, do olhar, da escuta e do aprendizado mútuo. A linguagem do palhaço estimula as crianças adentrarem o mundo da fantasia. “A essência da criança é habitar esse universo lúdico, da imaginação, que não conhece limites. Por mais debilitada que a criança possa estar no hospital, quando ela vê os palhaços desperta seu lado saudável, de querer correr, sair da cama e brincar. Trabalhar com elas é um aprendizado muito grande”, ressalta.
O resultado do trabalho pôde ser visto na manhã de ontem, no cortejo junino que percorreu os corredores das unidades pediátricas do Imip. A alegria estava estampada no rosto de crianças como Luis Gustavo, 1 ano e 10 meses e há seis meses tratando um tumor cerebral na unidade de saúde. “As crianças ficam muito tempo em tratamento, com medicamentos fortes, sem poder brincar ou ter alguma distração. É ótimo quando eles vêm”, elogiou a dona de casa Maria Taciana, mãe de Luis Gustavo.
Acessando o site www.doutoresdaalegria.org.br é possível colaborar e ter mais informações sobre o projeto.
Fonte: Jornal do Commercio