Uma história de amor e respeito ao ser humano começou a ser escrita há 13 anos em Pernambuco e faz aniversário este mês, com centenas de vitórias a comemorar. De 1999 até hoje, o Programa de Transplante de Fígado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) foi bem sucedido em 631 procedimentos. Cirurgias consideradas utópicas no Estado, antes da iniciativa, agora acontecem em uma média de 10 vezes por mês na unidade de saúde. Por trás desse sucesso, comemorado ontem em solenidade, existe um trabalho de “formiguinha” executado pelos voluntários da Associação Pernambucana de Apoio aos Doentes de Fígado (Apaf), criada há dez anos para humanizar o tratamento.
“Logo no começo do programa nós constatamos que boa parte dos pacientes eram pessoas pobres, mais empobrecidas ainda pela distância de casa, que muitas vezes fica em Estados distantes. Chegavam desamparados. Percebemos que não adiantaria oferecer medicina de ponta sem cuidar do ser humano como um todo. Surgiu a Apaf, com o objetivo de cumprir metas no sentido de apoiar essas pessoas”, lembra o chefe do programa, o médico Cláudio Lacerda. São membros da entidade não governamental e sem fins lucrativos que visitam os pacientes nos leitos do hospital, dão a esperada notícia do transplante, amparam nos momentos das más notícias, ajudam com os medicamentos, oferecem palavras de apoio, experiência e, desde maio, dão conforto em uma casa de acolhimento para quem vem de longe.
Situada em frente do Huoc, o imóvel tem capacidade para hospedar 20 pessoas, entre doentes hepáticos em tratamento e acompanhantes. A proximidade da unidade de saúde é uma entre as muitas vantagens relatadas por quem se hospeda na residência. O aposentado Zolinto Rodrigues Rocha, 66 anos, é um dos habitantes provisórios da casa de acolhimento. Ele veio de Macapá, no estado do Amapá, ao Norte do Brasil, depois de um telefonema da Apaf. “Já sou acompanhado há quatro anos pelo programa de transplante de fígado, achava que estava sendo chamado para mais um exame, vim até sozinho. Foi quando soube que tinha um fígado esperando por mim”, conta. A cirurgia aconteceu no segundo dia de agosto e, desde lá, o aposentado, diagnosticado com cirrose hepática alcoólica, se recupera na casa de acolhimento. “Sobre a estrutura do lugar e o atendimento que recebi, não posso falar nada além de magnífico”, resume.
A casa foi inaugurada em abril e em maio começou a receber pessoas em atendimento. No local, os hóspedes trocam experiências, recebem orientação de uma equipe multidisciplinar, formada por assistente social, nutricionista e clínico geral. A estadia é gratuita para todos.
Fonte: Jornal do Commercio