Zika: quanto mais perto do parto, pior

A primeira investigação de gestantes com suspeita de zika e diagnóstico ultrassonográfico de alteração cerebral no feto foi publicada na Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil nesta semana e demonstrou as principais alterações no desenvolvimento dos bebês. Trinta grávidas com esse perfil foram acompanhadas por pesquisadores do Imip, UFPE e Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) de outubro a dezembro de 2015.

Todas as pacientes realizaram ultrassonografia morfológica a cada 15 dias, para acompanhamento do crescimento da circunferência cefálica. Os cientistas observaram uma desaceleração do crescimento fetal, que piora perto do nascimento. A microcefalia foi a alteração mais comum, com 29 dos bebês atingidos. Essa restrição do crescimento intrauterino, além do tamanho da cabeça, interfere no desenvolvimento como um todo da criança.

“Estamos fazendo outras análises para identificar o momento chave em que o crescimento do colo cefálico começa a desacelerar, em que ponto a partir da infecção materna isso acontece. Tivemos casos em que encontramos a microcefalia em torno da 18ª e 20ª semana de gestação, coisa que algumas pessoas pensavam só acontecer depois da 28ª semana”, disse o médico Alex Rolland, um dos coordenadores da pesquisa.
Ele complementou que foi verificada que a circunferência cefálica fica ainda mais defasada quanto mais avançada for a idade gestacional. Além do tamanho da cabeça, o médico apontou que os bebês também apresentam redução do crescimento global. “Os bebês geralmente são menores. O peso deles é inferior do que a população normal.

Muitas vezes a infecção congênita, no caso o zika, também está associada a uma restrição do crescimento intrautero como um todo”, disse. O estudo apontou que a média do comprimento ao nascer foi de 46,2 cm, do perímetro cefálico, de 28,9 cm, do perímetro torácico, de 33,1 cm e do peso ao nascer.

Perfil
A investigação detalhou que as mulheres tinham idades variando de 15 a 37 anos. A maioria era do Recife (50%), e outros municípios da região metropolitana e se declararam de cor parda. A média da idade gestacional na qual o diagnóstico ultrassonográfico da alteração cerebral foi confirmado, foi de 33,3 semanas.

Todas as mulheres apresentavam gestação única e 23,3% relataram diagnóstico de alguma doença crônica, como diabetes, hipertensão ou cardiopatia. Apesar de apresentarem essas comorbidades, Alex Rolland não acredita que a doença crônica das mães tenham sido determinantes para a transmissão vertical do zika e o aparecimento da microcefalia nos fetos.

Atenção
O estudo ainda indica que caso a gestante tenha sido infectada nos últimos 15 dias que antecedem o parto, como existe a possibilidade de transmissão do zika ao feto no momento do parto, o clampeamento do cordão umbilical deverá ser precoce. Se a infecção tiver ocorrido a mais de 15 dias da data do parto, a conduta então é a mesma para todas as gestantes, ou seja, clampear o cordão umbilical após a parada da pulsação. Essa medida ajuda a reduzir as chances de anemia no primeiro ano de vida.

Fonte: Folha de Pernambuco

Compartilhe:

Deixe um comentário

Fique por dentro

Notícias relacionadas