A superlotação é um problema que vem se tornando rotina nas grandes unidades de saúde de Pernambuco. Um dos locais mais afetados é o Hospital Agamenon Magalhães (HAM), bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, e que é referência da rede estadual, abrigando diversos serviços como maternidade, urgências cardiológicas e clínica médica.
No local, o excesso de demanda e a falta de profissionais, medicamentos e insumos é corriqueira e preocupam pacientes e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco, que vem denunciando essa situação firmemente. Para se ter uma ideia, semana passada, um vídeo viralizado na internet mostra um homem sendo reanimado no chão do corredor, por falta de leito.
Os problemas não param por ai. No senso registrado nesta madrugada de domingo (13/05) para segunda (14/05), ficou evidenciado uma demanda três vezes superior à capacidade do HAM. Ao todo, se contadas as urgências cardiológicas e de clínica médica, o Simepe contabilizou – de acordo com dados oficiais – 181 pacientes internados e a unidade comporta apenas 56 enfermos. Ou seja: sobrecarga maior que 300%.
Se analisarmos separadamente, percebemos que o caos é eminente tanto na Cardiologia como na Clínica Médica. No setor que cuida do coração, a capacidade de leitos é de 31 pacientes. No entanto, de acordo com o senso da noite do dia 13/05, há 95 pacientes internados. Na clínica médica, a situação é ainda mais grave. Lá, há espaço para 25 enfermos, mas recebe 86 na oportunidade do fechamento do relatório. Dessas pessoas, 25 estão no corredor e outros 11 precisam de leitos de UTI. Por fim, o levantamento ainda mostra que o plantão registrou que a superlotação comprometeu todo o espaço físico e que as emergências estão sem fonte de oxigênio – equipamento indispensável na cura de doentes graves.
Toda essa lamentável situação compromete a vida das pessoas que estão em estado de vulnerabilidade, já que dificulta extremamente a atuação dos profissionais de saúde – que acabam adoecendo junto. Tanto que é elevado e alarmante o crescimento de problemas como a Síndrome de Burnout, por exemplo, conhecida também como “síndrome do esgotamento profissional”.
“Não podemos assistir calados a esse cenário de horror em que os profissionais e pacientes estão submetidos. Estamos vivendo um caos onde ninguém está tomando as devidas providências. Além do excesso de demanda, faltam itens básicos. Até lençol os médicos precisam levar para seu horário de repouso, pois nem isso a unidade está fornecendo e já chegou a registrar esse pedido de forma oficial, em documento. Vamos continuar denunciando essa situação e cobrando as devidas ações. Pessoas estão se agravando e profissionais adoecendo. Não podemos mais esperar”, ressalta o diretor executivo do Simepe, Walber Steffano.
A partir de hoje, o Simepe publicará um boletim periódico sobre a situação caótica nos grandes hospitais das redes estadual e municipal do Recife. O objetivo é mostrar o quão perigosa está a rotina de profissionais e os paciente que precisam do Sistema Único de Saúde (SUS), visando – principalmente – alertar aos gestores para a necessidade de intervenções urgentes e necessárias para a contenção desta crise.