Entidades constatam irregularidades no Hospital de Câncer

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) junto com o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) irá emitir um relatório sobre a situação do Hospital de Câncer de Pernambuco. O documento será elaborado a partir de uma fiscalização realizada na unidade de saúde na manhã desta segunda-feira (14). Participaram a presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, o vice, José Carlos de Alencar, e o médico fiscal Sylvio Vasconcellos, além do vice-presidente do Sindicado, Fernando Cabral, do diretor jurídico, Tadeu Calheiros, e da secretária-geral, Claudia Beatriz. O documento será entregue à Secretaria Estadual de Saúde (SES).

O interventor do Hospital, Francisco Saboya, recebeu a equipe que visitou a emergência, a unidade de endoscopia, os ambulatórios de cabeça e pescoço e ortopedia e as duas enfermarias inauguradas em dezembro de 2012, mas que estão sem receber pacientes.

Na emergência, foi constatada a falta de estrutura física. Havia apenas um médico plantonista que, nas primeiras 3 horas do dia, havia atendido 12 pacientes. Os leitos são apertados, impossibilitando a realização de procedimentos. Um dos pontos que mais chamou a atenção da diretoria do Cremepe foi o espaço destinado à espera dos pacientes, do lado de fora do prédio, no sol. Já Cláudia Beatriz defendeu o investimento nos recursos humanos do hospital, “atendendo uma demanda que excede a capacidade do serviço, seja no ambulatório ou na cirurgia é importante um investimento não só na estrutura física, mas nos recursos humanos para assistir os pacientes” enfatizou.

Os representantes das entidades médicas também visitaram a unidade de endoscopia. Apenas um aparelho está disponível para a realização de exames e, mesmo assim, está defasado, em uso há mais de uma década. Foi registrada, ainda, a falta de materiais necessários para os procedimentos.

A fiscalização continuou pelos ambulatórios das especialidades de cabeça e pescoço e ortopedia. A superlotação já havia sido citada pelo diretor técnico do HCP, Frederico Tavares de Lima. Ele apontou que, em apenas um dia, apenas um cirurgião de cabeça e pescoço atendeu 52 pacientes. A especialidade é responsável por 70% da demanda do hospital. Segundo o diretor, já foi solicitada à SES a contratação de mais dois médicos da especialidade para suprir a demanda dos pacientes.

Foram entregues documentos que apontam déficit de médicos e outros profissionais de saúde que compõem equipes multidisciplinares, pedidos de materiais, além de relatórios de atendimentos na triagem do hospital, o encaminhamento dado a esses pacientes e a escala das cirurgias. Todos os documentos serão analisados pelo Conselho de Medicina e anexados ao relatório.

Outro ponto que chamou a atenção das entidades foi a existência de duas enfermarias com capacidade para 56 leitos, inauguradas no dia 24 de dezembro de 2012, mas que estão sem funcionar. Foram investidos na obra R$ 407 mil. De acordo com o interventor do HCP, Francisco Saboya, os leitos estão desocupados porque faltam funcionários para atender os pacientes, principalmente na equipe de enfermagem. Segundo Saboya, os recursos arrecadados pela unidade de saúde são insuficientes para o seu funcionamento.

“Gastamos R$ 1,1 milhão por mês com folha de pagamento. Se a Secretaria de Saúde assumisse esse compromisso, poderíamos investir em outros setores, como compra de equipamentos e melhorias”, afirmou. O interventor esclareceu, ainda, que a reforma prometida para o HCP desde o início de 2012 deverá começar em fevereiro deste ano. Engenheiros e arquitetos já estiveram na unidade.

“É evidente que houve melhoria em alguns setores, mas o hospital enfrenta muitas dificuldades principalmente com relação aos equipamentos, que são inadequados para procedimentos cirúrgicos específicos, muitos deles antigos. Outra questão grave com respeito à falta de recursos humanos para enfermagem, que inviabiliza o funcionamento das enfermarias”, disse a presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão.

Na reunião com o interventor Francisco Saboya, pontuou todas as dificuldades enfrentadas pelo HCP. “Estamos empenhados para contribuir com as melhorias e dispostos a ajudar na resolução dos problemas. O futuro do hospital tem que ser discutido, principalmente a questão da estrutura e do quadro de funcionários. Não se pode ampliar sem ter funcionários para trabalhar e atender à demanda”, acrescentou Helena Carneiro Leão.

Outro ponto que Helena Carneiro Leão fez questão de destacar é a existência de uma Unidade de Cuidados Paliativos, uma das poucas do Estado. O local é destinado a pacientes terminais. “As instalações são boas e os profissionais são empenhados, não só os médicos, mas toda a equipe de saúde que trabalha na unidade”, afirmou a presidente do Cremepe.

Com informações da Assessoria de Comunicação do Cremepe

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